sábado, 15 de março de 2008

E não é que tão falando grego!

Minha lista de atividades de hoje diz que tenho que lavar roupa. Mas é sábado à tarde e deve ser o período mais lotado da lavanderia, então acho que vou ficar em casa escrevendo e atualizando as fotos. Afinal, não é pouca coisa ter passado o fim de semana na Grécia!

Durante toda minha vida eu escutei a expressão "Será que eu to falando grego?" querendo dizer algo do tipo "Você não entendeu o que eu disse?". Mas dessa vez eu experimentei o sentido mais literal da expressão, e pela primeira vez na vida cheguei num lugar onde eu realmente não entendia nadinha de nada do que estavam falando. Mas para o bem de todos e felicidade geral da nação, a maioria das pessoas ali fala inglês (com muita ou pouca qualidade, mas tudo bem). As companheiras de viagem: Dani e Natali. O destino: Atenas.


Chegada no aeroporto de Atenas: as informações escritas em grego eram ilegíveis...
Foto cedida gentilmente (e inconscientemente) pela Dani.

Pra começar a falar de Atenas é conveniente deixar claro que existem praticamente duas cidades (não fisicamente falando, porque a cidade é uma só): a antiga, composta de todas as ruínas que datam da Antiguidade e que carrega um legado cultural gigantesco; e a moderna, com todas as características observáveis na capital de qualquer país digno de ser membro da União Européia. Isso sem falar da recauchutagem que a cidade teve pra hospedar os jogos olímpicos de Atenas, em 2004. Pois bem, começo falando da moderna Atenas.

A cidade lembra muito o Brasil, em especial São Paulo, principalmente em termos de ocupação do espaço e de construção civil. Os prédios amontoados, com um estilo mais caracterizado pela falta de estilo (apesar de a arquitetura grega antiga ser maravilhosa), dão uma aparência bem diferente das outras capitais européias. A principal diferença quanto ao Brasil é que não existem prédios muito altos, e a maioria das construções apresenta cores básicas, como branco ou areia. Quando olhada de cima, a cidade é praticamente branca. E como o céu é quase sempre azul, o que se vê em geral é uma combinação de branco e azul, propriamente as cores da bandeira da Grécia (detalhe oportunamente percebido e comentado pela Dani). Aliás, uma outra característica do pais é o clima sem chuvas, com muitos dias de sol brilhante e céu azul. Isso juntamente com a vegetação escassa e o relevo acidentado o diferenciam ainda mais do resto da Europa, i.e. a Grécia tá mais pra lá do que pra cá (mais ao oriente, com cara de Turquia, Síria, Israel, etc).


Atenas vista do alto: branco e azul. Bom, neste caso tem um monte de verde também.

O trânsito é caótico, não exatamente por congestionamentos mas pela falta de ordem. A faixa de pedestres é totalmente inútil, e atravessar a rua significa desafiar os carros que estão virando. Talvez pela falta de ordem as bicicletas não são tão populares em Atenas, e eu não me recordo de ter visto nenhuma. Em compensação as motos fazem a vez, e os motoqueiros são bem engraçadinhos. Pra vocês terem uma idéia, uma cena que presenciamos no dia em que chegamos:


O cara empurrando a moto no meio do cruzamento super movimentado.
Mais uma foto da Dani.

No primeiro dia só tivemos tempo para uma volta rápida pela cidade, à noite (porque chegamos lá já no final da tarde). A vida noturna é bem agitada e as ruas são cheias de gente passeando, jantando nas mesinhas externas dos restaurantes ou tirando muitas fotos, afinal a quantidade de turistas é enorme.


Nosso primeiro churrasquinho grego. É claro que aqui se chama só churrasquinho... hahaha. Na verdade, se chama gyros (e tem em São Paulo também, a quem possa interessar).


A praça onde fica a prefeitura, que é um desses prédios iluminados.


Mesinhas de restaurante na rua. No outro quarteirão estavam todas cheias.


De repente, a Acrópole. De vários pontos da cidade é possível vê-la. Essas colunas em primeiro plano são parte das ruínas da biblioteca de Adriano.


No fundo, a Acrópole (imagino que todos saibam que acrópole = cidade alta).

No segundo dia começamos nossa exploração pela cidade, e já íamos registrando o que aparecia pelo caminho:


No mercadão, a seção de frutas. Nunca vi frutas tão perfeitas! Muito bonitas.


Tinha algum tipo de exposição na cidade, com corações de vários tipos. Esse acompanhava um soldado com as roupas típicas da grécia (os soldados que guardam o parlamento ainda as usam, e fazem da troca de guarda um ritual).

Já a Atenas histórica, é outra história. Não que seja realmente distinta da cidade em si, até porque lá o antigo e o moderno estão complexamente intrincados.


Uma estação do metrô praticamente dentro da Ágora, em meio a ruínas que datam da Antigüidade.

E por isso mesmo é tão fácil visitar as atrações da cidade, porque tudo fica a uma distância pequena o suficiente para ser percorrida a pé. No segundo dia, fomos conferir os locais históricos mais importantes:


Começando o tour: ruínas da biblioteca de Adriano (construída em 132 DC) fazem parte da Ágora Romana.


Vista da Ágora Antiga (não a Romana). Lá no fundo, o templo de Hefesto.


Na subida para a Acrópole, vê-se o teatro de Herodes Atticus (construído em 161 DC). O palco e os assentos são de mármore, com capacidade para 5.000 pessoas.



Chegando no topo da Acrópole. Na entrada, o templo de Atenas Nike (deusa da vitória, e nome no qual foi inspirada a marca de tênis da empresa ameircana), construído em 420 AC.


Depois de chegar de fato na Acrópole: o monte logo atrás é o Philopappou, onde estão alguns monumentos. inclusive o que se acredita ter sido a prisão de Sócrates. Mais ao fundo é possível ver o mar (golfo sarônico).


Finalmente, o Partenon! Feito de mármore, no período de 447-432 AC.


Face oeste do Partenon, templo dedicado à deusa Atenas (assim como o nome da cidade).


Ainda o Partenon. Pena que tinha muitos andaimes e equipamentos para restauração.


O teatro mais antigo do mundo: Teatro de Dionísio. Originalmente feito de madeira, reconstruído em mármore no século IV AC, acredita-se que tinha capacidade para 17.000 pessoas. Aqui os mais famosos poetas gregos da antiguidade, como Euripides e Sophocles, viram executadas suas peças no século V AC.


Ao norte do Partenon fica o Erechtheion, constrído em 420-406 AC no local mais sagrado da Acrópole, onde de acordo com a mitologia a deusa Atenas plantou uma oliveira.


Na face sul do templo, o balcão possui pequenas estátuas que sustentam a cobertura, chamadas de Cariátides.


Face leste do templo.


O templo e o observador. Essa é uma grande porta na face norte do templo, que eu fiquei um tempo observando na tentativa de imaginar os gregos antigos passando por ali.


E finalmente a face leste do templo, com a famosa oliveira plantada por Atenas - ou quase. A oliveira original teria sido destruída pelos Persas, mas teria brotado de novo milagrosamente após sua expulsão. Então tá...


Jardim de oliveiras, onde eu fiquei tentando visualizar o monte das oliveiras, hahaha.


Depois da Acrópole, fomos ver a Ágora Antiga: muitas ruínas, uma igreja bizantina, uma stoa e um templo muito bem conservado. Em tempos antigos a ágora era um centro comercial, político, religioso e cultural.
PS: de acordo com meu mapa, acabamos de passar pelo local onde Paulo fez seu sermão em 51 AD, o Areópago (ou Areios Pagos). Mas eu não vi...


A Stoa de Attalos (159-138 AC). Uma stoa é definida arquitetonicamente como uma espécie de corredor coberto, limitado de um lado por uma parede e do outro por uma série de colunas. É claro que eu não sabia disso antes de ver a Stoa de Attalos, e talvez até exista uma palavra em português pra isso. Alguém aí sabe?


Mais uma vista da Ágora Antiga, com a Acrópole ao fundo.


À esquerda, a stoa. À direita, a Acrópole.


E eis que finalmente nos aproximamos do templo Efesto! O mais bem conservado da Antigüidade.


Realmente, está bem conservado.


Depois de ver a Ágora, fomos até Kerameikos. O local serviu principalmente de cemitério no passado, mas acredita-se que o nome baseia-se nos produtores de vasos que se estabeleceram nas proximidades do rio Iridanos, próximo ao local (perceberam a similaridade de kerameikos com cerâmica?)


Depois de explorar o centro histórico da cidade, subimos ao monte Lycavittos para ver o pôr-do-sol e esperar a cidade iluminar-se.


E também para tirar foto dos viajantes! A luz ficou ruim, mas dá pra ver a Acrópole lá no fundo.


E aí está ela de novo.


E, pela última vez, a Acrópole!


Antes de descer, uma foto da cidade iluminada.


No caminho de volta, passamos em frente a Academia de Atenas. Essa é a estátua de Platão.


Também passamos em frente à Universidade de Atenas, fundada em 1837. Um prédio muito bonito!


A entrada da universidade. Tudo é grandioso.


Eu e a Dani na entrada da universidade.


A porta é grande, e rica em detalhes. Assim como a decoração na parede, próxima ao teto. Cada figura pintada representa um curso (escrito em grego acima da imagem). Dessas três que aparecem na foto, a mais à direita é a Teologia.


E bem ao lado fica a Biblioteca Municipal.

No terceiro dia, resolvemos ir à praia. Afinal, era domingo e o sol continuava brilhando forte, apesar de não fazer calor exatamente (cerca de 18 graus). Mas brasileiro não resiste a uma praia mesmo! Pegamos o tram (tipo o trólebus de Milão) e 1 hora depois desembarcamos no litoral do Golfo Sarônico, numa das áreas mais sofisticadas do subúrbio de Athenas: Glyfada.


A praia estava vazia.


Olha o azul desse mar!


O grupo todo.


Eu fazendo um pagode com as pedras, hehe. Foto muito bem tirada pela Dani.


O dia estava realmente muito lindo. E a água muito gelada! Mas ainda assim dei um mergulho.


Crianças, vejam o que acontece com quem não usa condicionador no cabelo! hahaha


Fomos procurar um banheiro, e encontramos um Starbucks! (Aliás, o que não falta em Atenas é Starbucks)


Depois fomos assistir o pôr-do-sol em uma outra praia.


Que foi uma paisagem fantástica!


E assim terminou mais um dia em Atenas.

O quarto dia foi reservado para conhecermos um lugar fora de Atenas. Entre as opções estavam Corinto, Maratona e Megalopoli, sendo a primeira a cidade a cujos habitantes o apóstolo Paulo escreveu nas suas cartas aos Coríntios. O fator decisivo na escolha foi um cartão-postal que vimos no dia anterior, que mostrava o canal de Corinto. Como assim tem um canal assim tão perto de Atenas? Concluímos que precisávamos ver pessoalmente esse canal, e lá fomos. O canal de Corinto atravessa o istmo de Corinto, ligando o Golfo de Corinto ao Golfo Sarônico, permitindo o tráfego de navios entre o mar Mediterrâneo e o mar Egeu. Se você cansou só de ler toda essa informação, provavelmente uma imagem vale mais que mil palavras, então aqui estão algumas:




E como bons paulistanos que somos (mesmo que não legitimamente), não é que encontramos um shopping? Sei que está meio fora de lugar essa foto, mas no caminho pra Corinto acabamos entrando num shopping que ficava do lado de uma estação de trem. Achei muito bonito e moderno (reparem nas cadeiras coloridas e no teto trasnsparente). E tinha KFC!!! Não resisti e comprei frango frito!


Chegando na cidade. Na saída da estação de trem tinha uma concessionária Volvo, um belo contraste com o pastor conduzindo suas ovelhas pela rua. Muito legal!


Vista do Golfo de Corinto.


E como brasileiro não resiste a uma farofada, olha eu aí comendo frango frito em Corinto! (O frango que eu comprei no shopping, porque descobri que não podia comer na estação e nem no trem...). Foto inconvenientemente tirada pela Dani. Brincadeira, Dani!


Eis o canal de Corinto! Com direito a flagra da passagem de um barco.


Essa ponta é a do Golfo Sarônico.


E esse é o outro lado, na direção do Golfo de Corinto.


Voltamos pra cidade andando, cerca de 6 Km. Belas paisagens!


E mais paisagens.


Eu e a Natali ao lado da placa com o nome da cidade escrito em grego e com alfabeto latino.


Pôr-do-sol no cais.


E mais uma cidade a iluminar-se! Lá no fundo dá pra ver a parte mais habitada da cidade. Reparem que eu tirei essa mesma foto de dia.

No último dia, pegaríamos o vôo de volta à Itália à tarde, então ainda tínhamos um tempinho de manhã pra ver mais alguma coisa. Decidimos ir conferir alguns locais em Atenas que tínhamos visto ainda:


O templo de Zeus. Ou melhor, o que sobrou dele. Originalmente, eram 104 colunas de 17 metros de altura.


Eu no primeiro plano, o templo de Zeus no segundo, e a Acrópole no terceiro.


O estádio Panathenaikon. Em forma de U, feito de mármore branco em 1869-1870, com capacidade para aproximadamente 60.000 pessoas. Foi utilizado na primeira edição das Olimpíadas da era moderna, em 1896.


Entrando no espírito de olimpíadas, resolvi praticar levantamento de peso! hahaha


E acabei provocando um duelo, hahaha.
Eu e a Dani praticando nosso famoso kickbox!



No estádio existe uma lista de todas as olimpíadas que ocorreram, gravadas nas placas de mármore vistas aqui no fundo.


E é claro que eu não saberia de nada disso que escrevi no blog sem o nosso guia, esse que estamos consultando na foto e que recebemos gratuitamente no centro de informações turísticas!

E assim terminou nossa empreitada pela Grécia: com muitas imagens e experiências de lugares que serviram de palco para acontecimentos que tanto nos esforçávamos pra aprender na escola. De fato, pra mim a história da Grécia nunca mais será a mesma.